11/04/2010

Está chegando a hora...

O primeiro sinal relacionado ao parto acontece muito tempo antes, cerca de uma a duas semanas antes. É a queda do ventre! Isso acontece porque a cabeça do nenê se encaixa na bacia, já se ajeitando para o parto. De um dia para o outro, a gestante passa a notar que sua barriga está mais baixa, o que pode gerar um certo desconforto em baixo ventre. Junto com isso, ela percebe que está indo mais vezes do que antes no banheiro, para fazer xixi, como se fosse o começo da gravidez. Ao mesmo tempo, fica mais fácil de respirar, porque o nenê deixa de apertar as costelas. Às vezes, a grávida está tão preocupada com outras coisas, que nem percebe isso acontecer. É a mãe, a avó, ou a tia que notam isso e falam para ela: “Sua barriga tá baixa; esse nenê vai nascer logo!”. Geralmente, elas estão certas! Daí para frente, as contrações vão ficar cada vez mais freqüentes. Antes da queda do ventre, a mulher percebe cerca de 4-5 contrações por dia. Depois disso, costuma contar 12 a 20 contrações por dia, quase que de hora em hora. Isso acontece aos poucos e muito variável de mulher para mulher, mas o importante é você saber que o número de contrações vai aumentar bastante, neste período. Algumas mulheres dizem que não têm contração nenhuma. Não é bem assim... O que acontece é que elas esperam que a contração venha junto com a dor e isso não é verdade, pelo menos não no começo do trabalho de parto. Contração é a barriga ficar dura e depois ficar mole. É como se embaixo da pele tivesse uma melancia, que depois se transformasse num grande caqui. Às vezes, a mulher se confunde em relação a isso, dizendo que a “barriga fica dura direto”, ou então que “ela está sempre dura”. É que pode ser que quando a criança se mexe dentro da barriga, o tronco, ou dorso, do nenê fique mais próximo da pele da mãe, dando a impressão que é uma contração. Pode até vir uma contração leve após um movimento da criança, mas contração de verdade é aquela que endurece a barriga da mãe de um lado a outro, e não apenas do lado que está o nenê. Outro motivo de confusão é a contração dos músculos da barriga, e não do útero, que está localizado mais profundamente no corpo da mulher. Principalmente no final da gravidez, quando a gestante fica de pé, seus músculos da barriga endurecem, para segurar o peso do útero, que tende a pender para a frente. Nessa situação, se a mulher passar a mão pela barriga, vai achar que está com contração uterina, quando na verdade a contração é da musculatura que fica na frente do útero. Por isso, falamos para a paciente prestar atenção na barriga apenas quando estiver sentada ou deitada, pois só assim poderá notar direito a contração do útero. Com o aumento do número das contrações, a mulher fica meio “esquisita”. Relata certo incômodo, que não sabe dizer qual seria. Parece que está com dor de barriga, mas não é bem isso. Há uma sensação de peso no pé da barriga e nenhuma posição acaba sendo boa. É comum que a mulher fique mais inquieta, sem querer muita conversa com ninguém. Como os animais, nas vésperas do parto, a mulher fica ensimesmada, andando pelos cantos, longe de todos. Ela passa um ou dois dias assim, tendo contrações esporádicas, às vezes uma mais perto da outra. Pode acontecer que venha uma salva de contrações, uma atrás da outra, por cerca de meia hora ou uma hora, fazendo com que a gestante ache que está na hora de ir para o hospital. É o “alarme falso”, que tanto preocupa a gestante, sua família, e também os médicos, como não? Outro sinal que pode ocorrer neste momento é a perda do tampão mucoso, chamado pelas mulheres mais velhas de “o sinal”. Isso vem a ser a saída pela vagina de uma pequena quantidade de sangue, misturada com uma secreção tipo “catarro”. Isso ocorre porque o colo do útero está começando a se abrir e pode acontecer depois de um toque vaginal, por exemplo. Nem todas as mulheres têm isso, e muitas só o terão quando estiverem em franco trabalho de parto, mas vale como uma informação a mais.

Por MARCO AURÉLIO GALLETT - Médico formado pela FMUSP em 1989. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clinicas entre 1991 e 1994. Titulo de Especialista em G.O. pela Federação Brasileira de Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) em 1993.
Médico Preceptor do Hospital das Clinicas da FMUSP entre 1994 e 1996. Médico Assistente da Clinica Obstétrica do Hospital das Clinicas (HC – FMUSP) desde 1995.

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